domingo, 24 de dezembro de 2017

DICIONÁRIO ALENTEJANO


Por cá no Alentejo,
Temos o nosso Latim;
A alcunha é Anexim;
Cesto Grande é Cabanejo;
Chamam Chato o Percevejo.

A gorjeta é Melhadura;
A diarreia é Sultura;
Ás fezes Inquietações;
Mas que lindas expressões;
Vindas de Jente Pura!

Grande Jantarada é Pancão;
Caramelo é água Gelada;
Ponte em barro é Azada;
E zebre é Oxidação!


Mulher de mau porte  é Zorra; 
Fêmea estéril  é Machorra;
Neste meu Vocabolário,
Eu a ler ao Contrário;
Isto é que vai uma Porra!

Morrinha é Empedemia;
E sima é Fixação;
Desastre, acidente de Viação;
Chapa é Rádiografia;
Catarrál é Pneumonia;
Deitar fora é Aventar;
E Cagaço é medo a Fartar!
Retoiças são Brincadeiras;
E chamam cabras ás Freiras;
Mas que dialeto Invulgar!

Ao vádio chamam Gandulo;
Girólmo é o Jerónimo;
Um gajo é homem Anónimo;
Estar cheio, é um Cagulo.
Ao inchaço chamam Matulo;
Borrega é uma Bolha;
O Banco de madeira é Ganapé;
Cega rega é  a Cigarra;
Mas que pernuncia Bizarra!
Parece mentira Até.

Velhacas são pessoas Más;
E Trongas mulheres da Vida;
Multa é Murta toda a vida
Sontordia, foi há Tempos;
Chamam sofazes  aos sofás
E Cova a uma grande Vale
Monquita ao corrimento Nasal;
Ó Áik abalar à pressa;
Para mim não há mais conversa;
É um dicionário Especial.

Tropeço ao banco de Cortiça
Os Trastes é a mobilia
Á lagarta chamam Rosquilha
Mela e Boba à Perguiça
Chamam quadra á Cavalariça
Aoa calos chamam Ginetes
Fazer caretas são Munetes
Aqui e em todo o lado
Eu cá fico Admirado
Chamarem ás meias suquétes.

Abuinha é Borboleta
Impar é gemer de dor
Fora daqui diz-se Andor
Masturbação é Punheta.
Á mulher trigueira é preta
Mofina é ser igoísta
Quem protesta é Comunista
Mas não crio nessa versão
Testó, é para afastar o Cão
Que ricas palavras à Vista.

Árencu é Pirilampo
Miutera é ponte de Pau
Pano de azeitona é Laráu
Tubarões são Cogomelos do campo
Entrementes é entretanto
Camam coito á Coutada
Muitos cães é uma Canzuáda
Mas que léxico tão bonito
Se vou sair, eu me Quito
Mas volto, não tarda nada.

Cama no chão é Camastralho
Concha de buzio é Buzino
Ao saco chamam Moquino
Copa é roupa de Agasalho.
Chamam chinas ao Cascalho
E ás beatas Baronas
Os amendoins são Ervelhanas
Crepa é caspa a Cair
Como é tão bom ouvir
Estas expessões Alentejanas.

Escariote é ser Fugidio
O armazém é um Casão
Cisco é resto do Carvão
Esconfique é Desconfio.
Tudo o que é arisco é Gentio
Ao orvalho chamam Margia
Ao lamaçal é Enxóvia
As carraças são Carrapatos
São estes os meus relatos
Que fiz em v ersos num dia.

Tráita, é ter certo Costume
Buzio é estar embaciado
Borcalho é Mal-educado
Luminária é um grande Lume.
Ao suco chamam Cerume.
Um Larila é um maricas 
Os tataranhos são Riscas
E Zarolho é quem vê mal
Neste canto de Portugal
Às fendas chamam Taliscas.

Boca do corpo é vagina
Regemento é período pós parto
Chamam sardão ao Lagarto 
E quinita á Joaqina.
Coisa ruim é Malina
Lostras são manchas na Pele
Um baraço é um Cordel
Mais que muitos é muita Gente
Brinhol é Fartura Quente 
Na boc a do Ti Manel.

Por fim, direi que é Bizarro
Às nádegas chamarem Nalgas
E ás mulheres ricas Fidalgas
E quarta ao pucaro de Barro.
Chamam Murrão à cinza do Cigarro
E á mascara é ujma caraça
Muito barulho é Arruaça
E ás faulhas Castelhanos
Estes vocábolos Alentejanos
Digam lá se não tém graça.

Ditas estas palavrinhas
Muitas mais há para dizer
Não quero nenguém aborrecer
Com as minhas ladainhas.
Eu apenas segui as linhas
Do dialeto regional
Porem não quero deixar mal
Todos so Aletejanos
E os meus queridos conterrâneos
Do Concelho do Alandroal
(do professor Joaquim)
dcb


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