sábado, 29 de novembro de 2014

TRATADO DE TORDESILHAS E O DOMÍNIO DO ATLÂNTICO SUL


     Face à chegada de Cristóvão Colombo à América no mesmo ano 1492, segue-se a promulgação de três bulas papais  as Bulas Alexandrinas - que concediam a Espanha o domínio dessas terras. Cientes da descoberta de Colombo, os cosmógrafos portugueses argumentaram que a descoberta se encontrava em terras portuguesas.

     D. João II consegue uma renegociação, mas só entre os dois Estados, sem a intervenção do Papa, propondo estabelecer um paralelo das ilhas Canárias. Os castelhanos recusaram a proposta inicial, mas prestaram-se a discutir o caso. Reuniram-se então os diplomatas em Tordesilhas.

     Como resultado das negociações, foi assinado em 7 de Junho de 1494 o Tratado de Tordesilhas entre Portugal e Castela. Este tratado estabelecia a divisão do Mundo em duas áreas de exploração: a portuguesa e a castelhana, cabendo a Portugal as terras descobertas e por descobrir situadas antes da linha imaginária que demarcava 370 léguas (1.770 Km) a oeste das ilhas de Cabo Verde, e à Espanha as terras que ficassem além dessa linha.

     Em princípio, o tratado resolvia os conflitos que seguiram à descoberta do Novo Mundo por Cristóvão Colombo e garantia a Portugal o domínio das águas do Atlântico Sul, essencial para a manobra náutica então conhecida como volta do mar, empregada para evitar as correntes marítimas que empurravam para norte as embarcações que navegassem junto à costa sudoeste africana, permitindo a ultrapassagem do cabo da Boa Esperança.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

A LIGAÇÃO DO ATLÂNTICO COM O ÍNDICO


     Em 1487, D. João II envia Afonso de Paiva e Pêro da Covilhã em busca do Preste João e de informações sobre a navegação e comércio no Oceano Indico. Nesse mesmo ano, Bartolomeu Dias, comandando uma expedição com três Caravelas, atinge o Cabo da Boa Esperança. Estabelecia-se assim a ligação náutica entre o Atlântico e o Oceano Índico.

     O projecto para o caminho marítimo para a Índia foi delineado por D. João II como medida de redução dos custos nas trocas comerciais com a Ásia e tentativa de monopolizar o comércio das especiarias. A juntar à cada vez mais sólida presença marítima  portuguesa, D. João almejava o domínio das rotas comerciais e expansão do reino de Portugal que já se transformava em Império Porém, o empreendimento não seria realizado durante o seu reinado. Seria o seu sucessor, D. Manuel I que iria designar Vasco da Gama para esta expedição, embora mantendo o plano original.

     Porém, este empreendimento não era bem visto pelas altas classes. Nas Cortes de Montemor-o-Novo de 1495 era bem patente a opinião contrária quanto à viagem que D. João II tão esforçadamente havia preparado. Contentavam-se com o comércio da Guiné e do Norte de África e temia-se pela manutenção dos eventuais territórios além-mar, pelo custo implicado na expedição e manutenção das rotas marítimas  que daí adviessem. Esta posição é personificada na personagem do Velho do Restelo que aparece, nos Lusíadas de Luís Vaz de Camões, a opor-se ao embarque da armada.

     Em 1492, Abraão Zacuto é expulso de Espanha por ser Judeu, vindo viver para Portugal, trazendo consigo tábuas astronómicas que ajudariam os navegadores portugueses no mar. 

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

CONTINUAÇÃO DOS DESCOBRIMENTOS DA COSTA OESTE DE AFRICA


     Em 1479, buscando  proteger o investimento resultante das descobertas, Portugal negociou com Castela o Tratado das Alcáçovas-Toledo estabelecendo a paz e concertando a política externa Atlântica dos dois reinos rivais: Portugal obtinha o reconhecimento do seu domínio sobre a ilha da Madeira, o Arquipélago dos Açores, o de Cabo Verde e a costa da Guiné, enquanto que Castela recebia as ilhas Canárias, renunciando a navegar a Sul do Cabo Bojador, ou seja, do Paralelo 27 no qual se encontravam. O tratado  dividia as terras descobertas e a descobrir por um paralelo na altura das Canárias , dividindo o mundo em dois  hemisférios: a norte, para a Coroa de Castela; e a Sul, para a Coroa Portuguesa, Preservavam-se, desse modo, os interesses de ambas as Coroas, definindo-se, a partir de então, os dois ciclos  da expansão: o chamado ciclo oriental, pelo qual a Coroa Portuguesa garantia o seu progresso para o sul e o Oriente, contornando a costa africana (o chamado Périplo africano), e o que se denominou posteriormente  de ciclo ocidental, pelo qual Castela se aventurou no Oceano Atlântico, para oeste até ao Novo Mundo.

     Em 1482, dá-se a construção da Fortaleza de São Jorge da Mina e no ano seguinte, Diogo Cão chega ao rio Zaire. A Fortaleza de São Jorge da Mina e a cidade foram construídas em 1482 e redor  da industria do ouro. Com os lucros deste comércio, Fernão Gomes auxiliou o monarca na conquista de Arzila, Alcácer Ceguer e Tânger. Além da aquisição do ouro e malagueta, o comércio escravagista oferecia boas perspectivas de lucro.  

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

A DESCOBERTA DA COSTA OESTE DE ÁFRICA

     Em 1434 Gil Eanes contornou o Cabo Bojador, dissipando o terror que este promontório inspirava. No ano seguinte, navegando com Afonso Gonçalves Baldaia descobriram Angra de Ruivos e este último chegou ao Rio de Ouro, No Saara Ocidental. Entretanto, após a derrota Portuguesa de Tânger em 1437, os portugueses adiaram o projecto de conquistar o Norte de África.

     Já na regência de D. Afonso V, em 1441 Antão Gonçalves foi incumbido de descobrir o Rio do Ouro. Fez  os primeiros cativos africanos: um homem de cor parda a que os portugueses chamavam de azenegues e uma moura negra. No mesmo ano, Nuno Tristão chegou ao Cabo Branco. Juntamente com Antão Gonçalves fizeram incursões ao referido Rio do Ouro, de onde foi obtido ouro em pó e alguns escravos, a primeira grande captura.

     A partir de então ficou generalizada a convicção de que essa área da costa africana poderia, independentemente de novos avanços, sustentar uma actividade comercial capaz de responder às necessidades de numerário que, Portugal, como em toda a Europa, se fazia sentir. Em 1456, Diogo Gomes descobre Cabo Verde e segue-se o povoamento das ilhas ainda no século XV.

     Em 1455 é emitida a bula Romanus Pontifex do Papa Nicolau V confirmando as explorações Portuguesas e declarando que todas as terras e mares descobertos a Sul do Bojador e do Cabo  são pertença dos Reis de Portugal, que poderá cobrar impostos sobre a navegação e comércio. No ano seguinte chegava a Bristol o primeiro carregamento de açúcar provindo da ilha da Madeira.

     Em 1460, Pêro de Sintra atinge a Serra Leoa. Nesse ano faleceu o Infante D. Henrique. Após a sua morte, a missão é atribuída temporariamente ao seu sobrinho, o infante D. Fernando (filho de D. Duarte), já aqui referido.

     Em 1469, D. Afonso V, Rei de Portugal dadas as poucas receitas da exploração, concedeu o monopóleo do comércio no Golfo da Guiné ao mercador de Lisboa Fernão Gomes, contra uma renda anual de 200.000 réis. Segundo João de Barros, ficava aquele «honrado cidadão de Lisboa» com a obrigação de continuar as explorações, pois o exclusivo era garantido com «condição que em cada um destes cinco anos fosse obrigado a descobrir pela costa em diante cem léguas, de maneira que ao cabo do seu arrendamento dessas quinhentas léguas descobertas». 

     Este avanço, do qual não há grandes  pormenores, teria começado a partir da Serra Leoa, onde haviam já chegado Pedro de Sintra e Soeiro da Costa. Com a colaboração de navegadores como João de Santarém, Pedro Escobar, Lopo Gonçalves, Fernão do Pó e Pedro de Sintra, Fernão Gomes fê-lo mesmo para além do contratado. 

     Com o seu patrocínio, os portugueses chegaram ao Cabo de Santa Catarina, já no Hemisfério Sul. João de Santarém e Pêro Escobar exploraram a costa setentrional do Golfo da Guiné, atingindo a «mina de ouro» de Sama (actualmente Sama Bay), a costa da Mina, a de Benin, a do Calabar e a do Gabão e as ilhas de São Tomé e Príncipe e do Ano Bom. Quando as expedições chegaram  a Elmina na Costa do Ouro, em 1471, encontraram um florescente comércio de ouro.

     Seguiram-se outros navegadores como Soeiro da Costa ( Que deu nome ao rio Soeiro), Fernão do Pó (que descobriu a ilha Formosa em África), que ficou conhecida posteriormente pelo seu nome, João Vaz Corte-Real, que em 1472, descobriu a Terra Nova e em 1473, Lopo  Gonçalves, cujo nome se transmitiu ao Cabo Lopo Gonçalves, hoje conhecido por Cabo Lopez,  ultrapassou o Equador.

     Em 1474, D. Afonso V entregou ao seu filho, o príncipe D. João, futuro D. João II, com apenas dezanove anos, a organização das explorações por terras africanas. Mais tarde  e em 1481, o Rei confirmou a missão do príncipe  em novo diploma « sabemos certo que ele dá, por si e para os seus oficiais, muito boa ordem à navegação destes trautos e os governa  muito bem».

     Assim que lhe foi entregue a política de expansão Ultramarina, D. João organizou a primeira viagem de Diogo Cão. Este fez o reconhecimento de toda a costa até à região do Padrão de Santo Agostinho. Em 1485, Diogo Cão levou a cabo uma segunda viagem até à Serra Parda. Há noticias de carregamentos de açucar da Madeira serem entregues em Rouen (1473) e Dieppe (1479).       

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

O HORIZONTE


O mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendada a noite e a correção,
As tormentas passadas e o mistério,
Abria em flor o longe, e o sul sidério
Explêndia sobre as naus da iniciação.

Linha severa da longínqua costa
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves e flores
Onde era só, de longe a abstracta linha.

O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esperança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte
Os beijos merecidos da verdade.
     de      Fernando Pessoa
                       dcb 
  

  

PRIMEIRAS EXPEDIÇÕES NO ATLÂNTICO


A conquista de Ceuta em 1415, é geralmente referida como o início dos "descobrimentos Portugueses".  Nela participaram os Infantes D. Duarte, D. Pedro e o Infante D. Henrique que a partir de então dirige as primeiras expedições no Atlântico, como  investimento do Reino de Portugal através de templária Ordem de Cristo e do seu próprio património pessoal.

     As primeiras navegações estão associadas à sua figura a partir da base que, saindo do porto de Castro Marim que tinha sido a primeira sede da referida ordem militar e da qual  ele era o grão-mestre, estabeleceu em Lagos e em Sagres, onde foi acompanhado por um grupo de cartógrafos, astrónomos e pilotos.

     Além dos interesses materiais, o príncipe cristão ambicionava ao estabelecer uma aliança com o Preste João, um príncipe cristão que governava as terras da Etiópia Graças a essa aliança, pensava-se recomeçar as cruzadas, mas numa escala planetária, alcançar o Paraíso (o Eden) do qual esse rei africano era o guardião e expulsar os muçulmanos da Terra Santa para alcançar a Idade do Ouro e Jerusalém Celeste. Após a conquista os infantes foram armados cavaleiros pelo rei.

     Por trás deste movimento, como dirigente governativo, estava seu irmão infante D. Pedro, 1º.
duque de Coimbra assim como um vasto grupo de religiosos cristãos e judeus,  mercadores e armadores profissionais, interessados e participantes nas navegações, responsáveis  por uma série importante de iniciativas a que o navegador aderiu. Entre eles o seu aventureiro sobrinho navegador, Infante D. Fernando, duque de Beja, pai de D. Manuel I, que deu toda a continuidade a esses intentos.

     Descoberta da Ilha da Madeira em 1418, ainda no reinado de D. João I,  e sob o comando do Infante D. Henrique dá-se o descobrimento da ilha de Porto Santo por João Gonçalves Zarco e mais tarde da ilha  da Madeira por Tristão Vaz Teixeira. Trata-se de um redescobrimento pois já havia conhecimento da existência dessas ilhas no século XIV, segundo revela a cartografia da mesma época, principalmente em mapas italianos e catalães. Tratava-se de ilhas desabitadas que pelo seu clima, ofereciam possibilidades de povoamento aos portugueses e reuniam condições para exploração agrícola.

     Os arquipélagos da Madeira e das Canárias despertaram, desde cedo, o interesse tanto dos Portugueses como dos Castelhanos, por serem vizinhos da costa africana, representavam fortes potencialidades económicas e estratégicas. A disputa destes territórios deu origem ao primeiro conflito ibérico motivado por razões expansionistas que só terminou com a assinatura do tratado das Alcáçovas-Toledo em 1479.

     Os Açores em 1427, dão-se os primeiros contactos com o arquipélago dos Açores por Diogo de Silves. Ainda nesse ano é descoberto o grupo oriental  dos Açores, São Miguel e Santa Maria. Segue-se o descobrimento do grupo central - Terceira, Graciosa, São Jorge, Pico e Faial). Em 1452 o grupo ocidental (Flores e Corvo) é descoberto por Diogo de Teive.       

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

O PADRÃO


O esforço é grande e o homem é pequeno
Eu, Diogo Cão, navegador, deixei
Este padrão ao pé do areal moreno
E para diante naveguei.

A alma é divina e a obra é imperfeita
Este padrão assinala ao vento e aos céus
Que, da obra ousada, é minha a parte feita
O por fazer é só com Deus.

E ao imenso e possível oceano
Ensinam estas Quinas, que aqui vês,
Que o mar com fim será grego ou romano
O mar sem fim é português.

E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma
E faz a febre em mim de navegar
Só encontrará de Deus na eterna calma
O porto sempre por achar.
    de - Fernando Pessoa
                  dcb

AS MOTIVAÇÕES


     Até ao século XIX, considerava-se como única a que a motivação do Reino Português para as conquistas africanas em Marrocos  tinham sido de ordem religiosa e espírito de cruzada. O cronista Gomes Eanes de Zurara refere-se nesse sentido que os Infantes tinham as suas razões, mas a decisão cabia ao Rei D. João I. Que diz assim: " Eu não o teria por vitória, nem o faria em boa verdade, ainda que soubesse cobrar todo o mundo por mau, se não sentisse que em alguma maneira  era serviço de Deus".

     O motivo religioso, sobrepondo-o a todos os outros, foi como tal apontado, entre outros, por João de Barros, Luís de Camões, Gil Vicente.

     Sem falarmos no papel dos Reis Portugueses na Reconquista da Península Ibérica e independentemente de nos apercebermos todo um pensamento de acordo com uma época que mantinha os valores da Cavalaria Medieval, que já vinha detrás, a provar está o consentimento e bênção do papado dado ao pedido D. Dinis para combater os corsários mouros e ao de D. Duarte, em 1436, nas intervenções de ocupação do território sarraceno, infiel e ímpio, junto do Norte de África.

     Daí as sucessivas bulas da Cruzada que se lhe seguiram  e foram dirigidas ao Reino de Portugal e à portuguesa templária Ordem de Cristo. Isto para consentir e agradecer toda a intervenção nesse sentido da conquista dos territórios " nullius diocesis" (sem diocese apostólica) para aumentar o número de cristãos e o seu prestígio.

     Entre outras, temos a bula Apostolice Sedis emitida em 23 de Maio de 1320 pelo Papa João XXII; Etsis suscepti, em 1442; a Dum diversas, em 18 de Junho de 1452; logo depois a Romanus Pontifex em 8 de Janeiro de 1455 1454, enviadas pelo Papa Nicolau V; e mais tarde  surge a bula Inter Caetera, em a de Maio de 1493, pelo Papa Calisto III.

     Mas havia também  outras razões para a conquista de Ceuta, mais de um século depois  resumidas pelo carmelita Frei Amador Arrais, ligando-as à acção de D. Afonso IV na Batalha do Salado - " El-Rei Dom João o primeiro, começou a conquista de África, tomando Septa, Baluarte da Cristandade, & Chave de toda Espanha, Porta do comércio do poente para levante".

     Os muçulmanos dominavam o estreito de Gibraltar e eram poderosos em Granada. Pela sua posição geográfica, Ceuta era uma base naval que podia servir de apoio à navegação entre a península Itálica e Portugal, permitindo também reprimir ou tolher a pirataria dos mouros nas costas do Atlântico.

     No século XX, houve historiadores que julgaram o passado com as preocupações do presente, considerando a primazia do interesse económico: procurar acesso directo a fontes de fornecimento de trigo, de ouro ou de escravos no Norte de África. Mas houve também historiadores, como David Lopes, rebatendo essa tese: " Ainda que Ceuta tivesse importância como centro de comércio, a sua conquista por cristãos desviaria dela o tráfico muçulmano".

     As conquistas de Marrocos, porém, sob o impulso do Infante D. Henrique, vieram a dar lugar aos descobrimentos. Segundo Gomes Eanes de Zurara, na Crónica do descobrimento e conquista da Guiné, as expedições organizadas pelo Infante tinham cinco motivações:

1º, conhecer a terra além das Canárias e do Cabo Bojador; 2º. trazer ao reino mercadorias; 3º. saber até onde chegava o poder dos muçulmanos; 4º. encontrar aliados que o pudessem ajudar numa guerra que durava há trinta anos; 5º. trazer para a fé de Cristo todas as almas que se quisessem salvar.

     Se, com o Infante, ao avançar pela costa de África na direcção do Sul, parece haver sobretudo a intenção de envolver pela retaguarda o grande poderio islâmico, adversário da Cristandade (uma estratégia militar e diplomática tributária do espírito das Cruzadas), a crescente intervenção dos  " cavaleiros-mercadores " (Magalhães Godinho) nos reinados de D. Afonso V e D. João II, acabará por levar a expansão portuguesa até ao Oriente em busca das especiarias.

     Em 1453, com a tomada de Constantinopla pelos Otomanos, as trocas comerciais no Mediterrâneo de Veneza e de Génova ficaram muito reduzidas. O proveito de uma rota comercial alternativa mostrava-se recompensador. Portugal iria ligar directamente as regiões produtoras das especiarias aos seus mercados na Europa. Quando se firma o projecto da descoberta do caminho marítimo para a Índia, a  expansão portuguesa sem esquecer a vertente religiosa está também já dominada pelo interesse comercial. 

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

O INFANTE


Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quiz que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,

E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, agté ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.

Quem te sagrou creou-te portuguez.
Do mar e nós em ti nos deu signal
Cumpriu-se o Mar, e o Imperio se desfez
Senhor, falta cumprir-se Portugal!
        Fernando Pessoa
                 dcb

OS ANTECEDENTES


     Com a Reconquista concluída, D Dinis I de Portugal interessou-se pelo comércio externo, organizando a exportação para países europeu. Em 1293 instítuiu a chamada Bolsa de Mercadores, um fundo de seguro marítimo para os comerciantes portugueses que viviam no Condado das Flandres, que pagavam determinadas quantias em função da tonelagem, que revertiam em seu benefício se necessário.

     O vinho e frutos secos do Algarve, que eram vendidos na Flandres e na Inglaterra, sal das regiões de Lisboa, Setúbal e Aveiro eram exportações rentáveis para o Norte da Europa, além de couro e Cremes, um corante escarlate. Os portugueses importavam armaduras e armas, roupas finas e diversos produtos fabricados na Flandres e na Itália.

     Em 1317 D. Dinis fez um acordo com o navegador e mercador genovês Manuel Pessanha (Emanuele Pessagno),  nomeando-o primeiro Almirante da frota real com privilégios comerciais com o seu País, em troca de vinte navios e suas tripulações, com o objectivo de defender as costas do País contra ataques de piratas (muçulmanos), lançando as bases da Marinha Portuguesa e para o estabelecimento de uma comunidade mercante genovesa em Portugal. Obrigados a reduzir as suas actividades no Mar Negro, os mercadores da Republica de Génova tinham-se voltado para o comércio do norte  Africano de trigo, azeite (também fonte de energia) e ouro navegando até aos portos de Bruges (Flandres) e Inglaterra. Genoveses e florentinos estabeleceram-se então em Portugal, que lucrou com a iniciativa e experiência financeira destes rivais  da República de Veneza.

     Na segunda metade do século XIV, surtos de peste bubónica levaram a um grave despovoamento: a economia era extremamente localizada em poucas cidades e a migração do campo levou ao abandono da agricultura e ao aumento do desemprego na povoações. Só o Mar oferecia alternativas, com a maioria da população fixada nas zonas costeiras de pesca e comércio.

     Entre 1325 e 1357, D. Afonso IV de Portugal  concedeu o financiamento público para levantar uma frota comercial e ordenou as primeiras explorações marítimas, com o apoio de genoveses, sob o comando de Manuel Pessanha. Em 1341 as ilhas Canárias, já conhecidas dos genoveses, foram oficialmente descobertas sob o patrocínio do rei Português.

     A sua exploração foi concedida em 1338 a mercadores estrangeiros, mas em 1344 Castela disputou-as, concedendo-as ao castelhano  D. Luís de la Cerda. No ano seguinte, Afonso IV enviou uma carta ao Papa Clemente VI referindo-se às viagens dos portugueses às Canárias e protestando contra essa concessão. Nas reivindicações de posse, sucessivamente renovadas pelos dois povos, prevaleceu, no final, a vontade do rei de Castela sobre estas Ilhas.

     Em 1353 foi assinado um tratado comercial com a Inglaterra para que os pescadores portugueses pudessem pescar nas costas Inglesas, abrindo assim caminho para o futuro Tratado de Windsor em 1386. Em 1380 foi criada  a Companhia das Naus, uma bolsa de seguros marítimos e em 1387, há notícia do estabelecimento de mercadores do Algarve em Bruges. Em 1395, D. João emitiu uma lei para regular o comércio dos mercadores estrangeiros.

     Há unanimidade dos historiadores em considerar a Conquista de Ceuta como início da expansão portuguesa, tipicamente referida como os Descobrimentos. Foi uma praça conquistada com relativa facilidade, por uma expedição organizada por D. João I, em 1415 . A aventura ultramarina ganharia grande impulso através da acção do Infante D. Henrique, reconhecido internacionalmente como o seu grande impulsionador, e continuada pelo seu sobrinho e protegido Infante D. Fernando, duque de Beja e Viseu. 

    

terça-feira, 18 de novembro de 2014

De Fernando Pessoa O GRIFO


De pé, sobre os países conquistados
Desce os olhos cansados
De ver o mundo e a injustiça e a sorte
Não pensa em vida ou morte.
Tão poderoso que não quer o quanto
Pode, que o querer tanto
Calcara mais do que o submisso mundo
Sob o seu passo fundo.
Três impérios do chão lhe a Sorte apanha
Criou-os como quem desdenha.
   Fernando Pessoa
            dcb

INICIO DOS DESCOBRIMENTOS PORTUGUESES


     Os  descobrimentos portugueses foram o conjunto de conquistas realizadas pelos portugueses em viagens e explorações marítimas entre 1415 e 1543, que começaram com a conquista de Ceuta em África.

     Os descobrimentos resultaram na expansão portuguesa e deram um contributo essencial para delinear o mapa do mundo, impulsionados pela Reconquista e pela procura de alternativas às rotas do comércio no Mediterrâneo.

     Com estas descobertas os portugueses iniciaram a Era dos Descobrimentos europeus que durou  do século XV até ao XVII e foram responsáveis por importantes avanços da tecnologia e ciência náutica, cartografia e astronomia, desenvolvendo os primeiros navios capazes de navegar em segurança em mar aberto no Atlântico.
              
     Embora com antecedentes  no reinado de D. Dinis em 1279, nas expedições às Ilhas Canárias do tempo de D. Afonso IV, é a partir da conquista de Ceuta em 1415, que Portugal inicia o projecto nacional de navegações oceânicas sistemáticas, que ficaram conhecidas, como descobrimentos portugueses.

     Terminada a Reconquista, o espírito de conquista e Cristianização dos povos muçulmanos subsistia. Os portugueses dirigiram-se então para o Norte de África, de onde tinham vindo os mouros que se haviam estabelecido na Península Ibérica.
     
     Avançando progressivamente pelo Atlântico ao longo das costas do Continente Africano, passaram o Cabo da Boa Esperança e entraram no Oceano Indico, movidos  pela procura de rotas alternativas ao comércio Mediterrânico. Até chegarem à Índia em 1498, simultaneamente exploraram o Atlântico Sul e aportaram nas costas do Brasil em 1500, navegando no extremo da Ásia chegaram à China em 1513 e ao Japão em 1543.

     As explorações  prolongaram-se por vários reinados, desde o tempo das explorações na costa africana e americana impulsionadas pelo regente D. Pedro, duque de Coimbra e o Infante D. Henrique, filhos de  D. João I, e mais o sobrinho D. Infante D. Fernando, duque de Viseu, até ao projecto da descoberta de um caminho marítimo para a Índia no reinado de D. João II, culminando com o do D. Manuel I a altura em que o império Ultramarino Português fica consolidado.

                                                                 

sábado, 15 de novembro de 2014

HISTÓRIA E FORMAÇÃO DE PORTUGAL

     Os Muçulmanos ou Mouros chegaram à Península Ibérica no século VIII depois de Cristo (ano de 711), provocando, juntamente com outros povos bárbaros, o declínio do Império Romano.

     Os monarcas dos reinos cristãos que conseguiram resistir à invasão, organizaram-se a Norte a fim de expulsarem os Muçulmanos para o Norte de África. E então começou a reconquista.

     A Reconquista Cristã  foi feita a partir das Astúrias e outros núcleos de resistência que se formaram junto dos Pirenéus e foi feita com o objectivo de recuperar/reconquistar as terras perdidas para os Muçulmanos.

     A Reconquista foi lenta , com muitos avanços e recuos, com muitos períodos de guerra  mas também de paz, momentos em que havia convivência entre os dois povos. 
     No início do século XI já se tinham formado vários reinos cristãos:  Tais como Leão, Castela Navarra e Aragão.
     Os Reis cristãos estavam fracos militarmente e para os auxiliar nas lutas contra os Muçulmanos pediram o auxilio a outros monarcas europeus, os quais lhes enviaram homens para os ajudar no combate aos Mouros.

     Entre os muitos guerreiros que os vieram auxiliar, destacaram-se dois: D. Henrique e D. Raimundo, que auxiliaram o rei de Leão D. Afonso VI. E como recompensa. D. Afonso VI, deu a mão de sua filha D. Teresa a D. Henrique e um território para ele governar - o Condado Portucalense, e deu a mão de sua filha D. Urraca a D. Raimundo e o Condado da Galiza para ele Governar.

     O Condado Portucalense, durante vários anos, D. Henrique governou o Condado Portucalense, mas sempre subjugado ao rei de Castela D. Afonso VI. Tentou tornar-se independente, mas morreu sem o conseguir (1112), e quem ficou a governar o Condado Portucalense foi Dª. Teresa, uma vez que o filho de ambos, Afonso Henriques, ainda  era muito novo para governar (tinha apenas 4 anos).

     No início, todos aceitaram que Dª. Teresa ficasse a governar. Mas as suas decisões não agradavam a todos, uma vez que Dª. Teresa pretendia formar uma aliança com a Galiza, o que provocou o descontentamento de muitos nobres portucalenses. Assim D. Afonso Henriques organizou um pequeno exército e derrotou o exército de sua mãe na Batalha de S. Mamede, em 1128, perto de Guimarães.

     A Autonomia do Condado Portucalense, após derrotar o exército de sua mãe, D. Afonso Henriques passou a governar o Condado Portucalense, Tinha como principais objectivos:
     A Independência do Condado Portucalense, em relação ao Reino de Leão e Castela , tinha para isso de lutar contra o seu primo D. Afonso VII.
     O alargamento do território do Condado Portucalense para sul , conquistando terras aos Mouros, D. Afonso VII, não queria que o Condado Portucalense se tornasse um reino independente. Mas depois de muitas lutas com D. Afonso Henriques, assinam um tratado ( O TRATADO DE ZAMORA em 1143), em que D. Afonso VII, reconheceu a independência do Condado Portucalense e D. Afonso Henriques como seu Rei. Estava assim formado um novo reino - O reino de Portugal, que tinha em D. Afonso Henriques o seu primeiro Rei.

     Quando se formava o reino, era necessário que o Papa reconhecesse a sua independência e confirmasse o título de rei ao primeiro monarca. O reconhecimento papal só aconteceu em 1179, com o  Papa Alexandre III, através do documento Bula Manifestis Probatum.

   O Alargamento do Território, tendo atingido um dos objectivos, o reconhecimento de Portugal como reino por seu primo D. Afonso VII, era altura  de D. Afonso Henriques atingir outros dos seus objectivos - O alargamento do território do reino para o sul.
     Assim no reinado de D. Afonso Henriques ocorreram várias conquistas como: a Conquista de Leiria em 1145, conquista de Santaré e de Lisboa em 1147, a de Alcaçer do Sal em 1158, a de Beja em 1162 e a de Évora em 1165.
     Quando D. Afonso Henriques morreu em 1185, eram já muitos os territórios conquistados aos Muçulmanos.  E.M.

      

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

AS FLORES DO MEU JARDIM


















A NATUREZA

Sou um amante da natureza
E de tudo o que ela nos oferece
Se apreciarmos toda a sua grandeza
Incluindo tudo o que ela nos oferece.

Analisando o seu perfume natural
Aquele se respira, dando vida aos pulmões
Aquele que a sua pureza, a nada faz mal
E que muito agradecem os nossos corações.

Olhando as frondosas árvores
Aquelas de maior imponência
Expelindo para a atmosfera seus odores.

É pela sua grande importância
E pelos seus reais valores
Do oxigénio expelido em abundância.
                         dcb

sábado, 8 de novembro de 2014
















O SENTIR DOS VERSOS

Tenho escrito alguns poemas
Escritos com matéria abstracta
Alguns pela ternura dos temas
Outros pela essência de que se trata.

Não há poema sem existência
Daquilo que existe na vida real
Pelos contrastes da sua essência
Descrevendo o que existe de mal.

Os contrastes são as sequelas
Que por vezes afloram o passado
Por conclusões que se fundiram nelas
E que alguém delas ja tenha falado.

Trata-se de viajar pelo infinito
Transformado no mais duro golpe
E abafado no mais profundo grito
Movimentado como um campo de golfe.

É assim que se sentirá o poeta
Quando o seu cérebro trabalha
E o seu coração decreta
É no intimo que ele se atrapalha!...
                       dcb

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

















AOS AMIGOS


Agradeço a todos os amigos/as
Que este blogger vem visitar
Mas que escrevam também uns artigos
Para eu me poder inspirar.

A falta de memória é um facto
E a ela não posso fugir
Assim façamos aqui um pacto
Para cada um se poder divertir.

Isto não é um apelo,
Porque a nada são obrigados
Apenas gosto de partilhar.

As dificuldades que cada um sente
No nosso já difícil dia a dia
Mas certo é, que temos muito que caminhar....
                       dcb 

sábado, 1 de novembro de 2014