quarta-feira, 26 de novembro de 2014

A DESCOBERTA DA COSTA OESTE DE ÁFRICA

     Em 1434 Gil Eanes contornou o Cabo Bojador, dissipando o terror que este promontório inspirava. No ano seguinte, navegando com Afonso Gonçalves Baldaia descobriram Angra de Ruivos e este último chegou ao Rio de Ouro, No Saara Ocidental. Entretanto, após a derrota Portuguesa de Tânger em 1437, os portugueses adiaram o projecto de conquistar o Norte de África.

     Já na regência de D. Afonso V, em 1441 Antão Gonçalves foi incumbido de descobrir o Rio do Ouro. Fez  os primeiros cativos africanos: um homem de cor parda a que os portugueses chamavam de azenegues e uma moura negra. No mesmo ano, Nuno Tristão chegou ao Cabo Branco. Juntamente com Antão Gonçalves fizeram incursões ao referido Rio do Ouro, de onde foi obtido ouro em pó e alguns escravos, a primeira grande captura.

     A partir de então ficou generalizada a convicção de que essa área da costa africana poderia, independentemente de novos avanços, sustentar uma actividade comercial capaz de responder às necessidades de numerário que, Portugal, como em toda a Europa, se fazia sentir. Em 1456, Diogo Gomes descobre Cabo Verde e segue-se o povoamento das ilhas ainda no século XV.

     Em 1455 é emitida a bula Romanus Pontifex do Papa Nicolau V confirmando as explorações Portuguesas e declarando que todas as terras e mares descobertos a Sul do Bojador e do Cabo  são pertença dos Reis de Portugal, que poderá cobrar impostos sobre a navegação e comércio. No ano seguinte chegava a Bristol o primeiro carregamento de açúcar provindo da ilha da Madeira.

     Em 1460, Pêro de Sintra atinge a Serra Leoa. Nesse ano faleceu o Infante D. Henrique. Após a sua morte, a missão é atribuída temporariamente ao seu sobrinho, o infante D. Fernando (filho de D. Duarte), já aqui referido.

     Em 1469, D. Afonso V, Rei de Portugal dadas as poucas receitas da exploração, concedeu o monopóleo do comércio no Golfo da Guiné ao mercador de Lisboa Fernão Gomes, contra uma renda anual de 200.000 réis. Segundo João de Barros, ficava aquele «honrado cidadão de Lisboa» com a obrigação de continuar as explorações, pois o exclusivo era garantido com «condição que em cada um destes cinco anos fosse obrigado a descobrir pela costa em diante cem léguas, de maneira que ao cabo do seu arrendamento dessas quinhentas léguas descobertas». 

     Este avanço, do qual não há grandes  pormenores, teria começado a partir da Serra Leoa, onde haviam já chegado Pedro de Sintra e Soeiro da Costa. Com a colaboração de navegadores como João de Santarém, Pedro Escobar, Lopo Gonçalves, Fernão do Pó e Pedro de Sintra, Fernão Gomes fê-lo mesmo para além do contratado. 

     Com o seu patrocínio, os portugueses chegaram ao Cabo de Santa Catarina, já no Hemisfério Sul. João de Santarém e Pêro Escobar exploraram a costa setentrional do Golfo da Guiné, atingindo a «mina de ouro» de Sama (actualmente Sama Bay), a costa da Mina, a de Benin, a do Calabar e a do Gabão e as ilhas de São Tomé e Príncipe e do Ano Bom. Quando as expedições chegaram  a Elmina na Costa do Ouro, em 1471, encontraram um florescente comércio de ouro.

     Seguiram-se outros navegadores como Soeiro da Costa ( Que deu nome ao rio Soeiro), Fernão do Pó (que descobriu a ilha Formosa em África), que ficou conhecida posteriormente pelo seu nome, João Vaz Corte-Real, que em 1472, descobriu a Terra Nova e em 1473, Lopo  Gonçalves, cujo nome se transmitiu ao Cabo Lopo Gonçalves, hoje conhecido por Cabo Lopez,  ultrapassou o Equador.

     Em 1474, D. Afonso V entregou ao seu filho, o príncipe D. João, futuro D. João II, com apenas dezanove anos, a organização das explorações por terras africanas. Mais tarde  e em 1481, o Rei confirmou a missão do príncipe  em novo diploma « sabemos certo que ele dá, por si e para os seus oficiais, muito boa ordem à navegação destes trautos e os governa  muito bem».

     Assim que lhe foi entregue a política de expansão Ultramarina, D. João organizou a primeira viagem de Diogo Cão. Este fez o reconhecimento de toda a costa até à região do Padrão de Santo Agostinho. Em 1485, Diogo Cão levou a cabo uma segunda viagem até à Serra Parda. Há noticias de carregamentos de açucar da Madeira serem entregues em Rouen (1473) e Dieppe (1479).       

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