domingo, 21 de setembro de 2014

                                                   O NASCIMENTO DE PORTUGAL

     Em 24 de Junho de 1128, obteve-se a confirmação de uma grave crise, que se vinha arrastando há muito tempo. O Infante D. Afonso, filho do conde D. Henrique e de sua mulher Dª. Teresa, que aceitou o apoio dos mais poderosos senhores Portucalenses contra a influência cada vez mais forte do conde Galego Fernão de Trava.
     Sousões, Bragamções, senhores da Maia e de Baião, Gascos, chegaram a acordo para expusar o «galego que queria reinar».
     O Infante afirma que é neto  do «imperador» das Espanhas, tem sangue Real e direito a Governar a terra que «seu padre deixara». A seu ver, a posição de Fernão de Trava no governo é abusiva e deve terminar quanto antes. O galego, como é natural, é de opinião contrária , mas os dois líderes chegaram a acordo no sentido de confiar aos resultados de um grande torneio a decisão do grave  problema político.
     Hoje (dia de S. João Baptista). galegos e portucalenses terçaram armas no campo de S. Mamede, perto de Guimarães.
     Fernão Peres de Trava foi derrotado e Dª. Teresa deixou o governo. O Bispo de Santiago de Compostela, Diogo Gelmires, recebeu com muito desagrado estas notícias, pois que a audácia dos senhores portucalenses compromete as suas ambições de domínio.
     Egas Moniz, seu irmão Emígio. Paio Soares da Maia, Soeiro e Gonçalo Mendes de Sousa, o Arcebispo de Braga, Paio Mendes, Sancho e Afonso Nunes de Barbosa, Godinho Fafes de Lanhoso, Nuno Soares Velho, Paio Ramires Ramirão e muitos outros podem ter escrito a primeira página da História de um Novo Reino Europeu.
     A Condessa Dª. Teresa e Fernão Peres abandonaram o governo do Condado, que ficou agora inteiramente nas mãos  de D. Afonso Henriques e dos seus partidários. A tutela galega foi sacudida e as ambições da Condessa Dª. Teresa de ser senhora de toda a Galiza ficam definitivamente comprometidas.
     Não se confirmou o boato, que chegou a circular, de que a condessa tenha sido aprisionada no Castelo de Lanhoso, mas é certo que perdeu todo o seu antigo valimento político. A vitória  do Infante D. Afonso causou sensação nos meios políticos desta cidade.
     Recorda-se que seu pai, o Conde D. Henrique, neto do Duque de Borgonha, morreu em Astorga no dia 24 de Abril de 1122. Era um homem muito entendido na governação. Pouco antes de falecer mandou chamar o seu filho e disse-lhe:
     «Filho.... sê bom companheiro para os fidalgos e dá-lhes sempre sempre os seus soldos bem contados. E respeita os conselhos e faz que tenham os seus direitos, tanto os grandes como os pequenos.» Assim nasceu o Condado Portucalense.

     Constituído em terras das duas margens do troço terminal do Rio Douro, foi governado por condes hereditários, dependentes dos reis de Leão.
     Em 1095, o Imperador Afonso VI reuniu o Condado Portucalense ao de Coimbra e confiou o respectivo governo a sua filha ilegítima Dª. Teresa e a seu marido, D. Henrique de Bergonha. É esse território que agora fica sob a autoridade de D. Afonso Henriques.
     O nome do Condado vem do topónimo  Portucale, com o qual desde o século IX se designou uma cidade situada  próximo da foz do Douro, no ponto onde se cruzam a estrada de Mérida e Braga com o caminho natural do Douro, cujo curso era atravessado em barcas.
     Desse Portus Cale  (Porto de Cale) nasceu a palavra «Portugal».
     
   

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