terça-feira, 5 de janeiro de 2016

A MORTE DE CAMISES


     O fracasso teve profundo efeito sobre Cambises. Inicialmente, a exemplo de Ciro, ele tinha-se esforçado até certo ponto para apaziguar os sentimentos no Egipto, adotando a indumentária e os costumes e a religião dos faraós. Mas agora espalhavam as histórias de um comportamento instável a beira do maníaco. Divulgou-se até que num ataque de mau génio ele matou Apis, o boi sagrado egípcio, redicularizou e queimou as estátuas dos deuses egípcios, violou antigas sepulturas e profanou as múmias. Correram boatos e acções funestas no seu próprio acampamento. Supunha-se até que ele assassinara a sua esposa Roxana com um pontapé no ventre, e que tinha ordenado o assassinato de Creso sob algum pretexto, dera a contra ordem e descarregara o seu mau humor nos assasinos frustrados.

     Dario, que no Egipto fora intimo de Cambises, tentou desfazer depois os mexericos sinistros das terras do Nilo. A verdade, asseverou, é que se espalhou por todo o país, não só na Persia e na Média, mas em outras provincias, isso foi defacto improdente em relação ao cinismo escandaloso que cercava as vídas privadas dos poderosos, naão porque o seu comportamento fosse exemplar, longe disso, mas porque eles comandam os recursos necessários para manter os seus escândalos  em segredo.

     Ainda assim, parece indubitável que o imperador estivesse deprimido quando, a caminho de casa, deixou o Egipto na primavera de 521 antes de Cristo. Além dos seus desastres africanos, estavam chegando noticias de uma rebelião na Pérsia. Estabelecida a governabilidade da sua soberania no Nilo, ele seguiu o itenerário circular para casa através de Gaza e Damasco, levando consigo Dario. Em algum lugar da Síria, talvez em Damasco ou Hamada, Cambises, filho de Ciro, deixou a história. Dario recorda o momento numa frase enigmática; Ele morreua com a sua própria morte. Isso foi interpretado como um veredicto de suicídio, teoria pláusivel em face dos contínuos contratempos. Entretanto, também poderia significar que o rei morresse de uma ferida acidentalmente inflingida a si mesmo, o que coincide com a tradição grega. Heródoto achava que ele se assassinou montado no seu cavalo. 

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