A conquista é um hábito que vicia. Tendo contraído o hábito com seu pai, Cambises agora estava movido a satisfazer um desejo cada vez maior. Dos pináculos de Mênfis o convite parecia estender-se a seus pés: tendo ocupado a terra dos faraós, ele agora conquistaria a África inteira.
A sua noção de África, no entanto era um pouco imprecisa. Para o sul, a África dos tempos antigos terminava na Etiópia. Aqui os deuses matinham as suas tertúlias noturnas, ou pelo menos assim pensava Homero, cuja ideia era de que o sol pernoitava ali. Os etíopes, ou o povo de cara escura, gozavam da fana de soldados talentosos, organizados e bons, pois no século VIII haviam realmente dominado o Egipto.
Da maneira como Cambises compreendeu a rota, alcançar a Etiópia desde o Egipto significava atravessar a Núbia, uma terra nua, e de antiga cultura, cujos habitantes negros, milhares de anos antes do surgimento da Pérsia, tinham estado manufaturando peças de cerâmica com decorações caracteristicas e lanças engenhosamente farpadas.
A oeste do estuário do rio Nilo, os persas estavam conscientes da existência de Cartago, na região da moderna cidade de Túnis, cidade marítima frequentada por grgos, fenícios e outros. Em torno do litoral do império, Cartago era como um porto mercantil, altamente considerada. Entre o Egipto e Cartago situava-se o deserto da Líbia.
Cambises, agora um tanto enfastiado em relação a desertos, acreditava no entanto, e ele próprio não tentou fazê-lo pessoalmente. Em vez disso, o imperador reservava-se para o embate com a Etiópia, enviando para a Líbia um contingente separado do seu exército estacionado no Egipto.
O exército jamais chegou a Cartago, nem tampouco retornou. Segundo a tradição egípicia, a expedição simplesmente desapareceu no deserto, o que não é dificil de conceber, já que a oeste do delta existe uma área desértica suficientemente grande para fazer a faixa de Gaza parecer muito insignificante.
A campanha no sul foi igualmente ociosa. Cambises avançando para a Etiópia por via terrestre e fluvial, não foi além da Núbia. Se pudermos acreditar no rei daquele país, os núbios destruíram a frota persa. As forças terrestres, prostradas pelas escaldantes regiões desérticas, mal conseguiam arrastar-se de volta ao Egipto. E assim foi a conquista de África.
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