CONTINUAÇÃO
A 8 de Julho de 1497, iniciava-se a expedição semi-planetária que terminaria dois anos depois com a entrada da Nau Bérrio Rio Tejo adentro, trazendo a boa nova que elevaria Portugal a uma posição de prestígio marítimo.
As especiarias eram, desde sempre, consideradas o ouro das Índias. A canela o gengibre, o cravo, a pimenta e açafrão, eram produtos difíceis de obter, pelos quais esperavam caravanas e mercadores experientes vindos do Oriente.
Um mercador de Lisboa descreve a rota terrestre da especiaria da seguinte forma: "Desta terra de Calecute vai a especiaria que se come em Portugal e em todas as províncias do Mundo; vão também desta cidade muitas pedras preciosas de toda a sorte.
Aqui carregam as naus de Meca a especiaria e a levam a uma cidade que está em Meca que se chama Jeddah. E pagam ao grande sultão o seu direito. E dali a tornam a carregar em outras Naus mais pequenas e a levam pelo Mar Ruivo a um lugar que está junto com Santa Catarina do Monte Sinai que se chama Tunis e também aqui pagam outro direito. Aqui carregam os mercadores esta especiaria em camelos alugados a quatro cruzados cada camelo e a levam ao Cairo em dez dias; e aqui pagam outro direito. E neste caminho para o Cairo muitas vezes os salteiam os ladrões que há naquela terra, os quais são selvagens e outros."
Aqui tornam a carrega-la outra vez em umas naus, que andam num rio que se chama Nilo, que vem da terra do Preste João, da Índia Baixa; e vão por este rio dois dias, até que chegam a um lugar que se chama Roxete; e aqui pagam outro direito. E tornam outra vez a carregá-la em camelos e a levam , em uma jornada, a uma cidade que se chama Alexandria, a qual é porto de Mar. A esta cidade de Alexandria vêm as galés de Veneza e de Génova buscar esta especiaria, da qual se acha que há o grande sultão 600 000 cruzados; dos quais dá, em cada ano, a um rei que se chama Cidadim 100 000 para que faça guerra ao Preste João.
Dos mercados de Veneza e Génova só então eram espalhadas para toda a Europa esta especiarias, acrescidas imensamente no seu custo e sem chegada garantida. Em 1453, com a tomada da cidade de Constantinopla pelos Otomanos, as trocas comerciais de Veneza e de Génova ficaram muito reduzidas. O proveito dos portugueses em estabelecer uma rota marítima, portanto praticamente isenta de assalto - não obstante de perigos no mar - mostrava-se recompensador esboçava no futuro um grande rendimento à Coroa. Portugal iria ligar directamente as regiões produtoras das especiarias aos seus mercados na Europa.
CONTINUA
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